Relembre acidente com avião da Voepass que deixou 62 mortos em Vinhedo
11/03/2025
(Foto: Reprodução) Acidente com o ATR 72-500, em 9 de agosto de 2024, foi o maior da aviação brasileira nos últimos 17 anos. Companhia aérea teve as operações suspensas pela Anac a partir desta terça por 'falta de segurança'. Avião com 62 pessoas despenca sobre área residencial de Vinhedo (SP)
Reprodução/TV Globo
Sete meses após a queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP), que matou 62 pessoas no dia 9 de agosto de 2024, a companhia aérea teve os voos suspensos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por "falta de segurança nas operações".
O g1 relembra, abaixo, em perguntas e respostas, como foi o maior desastre aéreo da aviação brasileira em 17 anos, desde quando um avião atingiu um edifício em São Paulo, em 2007, e 199 pessoas morreram.
Nesta reportagem você vai ver:
Qual era a rota do voo?
Qual era o modelo da aeronave?
Qual foi a cronologia da queda?
O que apontou o relatório preliminar do Cenipa?
Como ficou o local onde o avião caiu?
Qual é a atual situação da companhia aérea?
Quem investiga o acidente?
Quem eram as vítimas?
O que significa a suspensão?
Qual era a rota do voo?
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o voo 2283 decolou de Cascavel (PR) às 11h58 do dia 9 de agosto do ano passado com destino a Guarulhos (SP) e ocorreu dentro da normalidade até as 13h20, mas a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas da torre de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. A perda do contato radar ocorreu às 13h22.
Na queda, o avião atingiu a área externa de uma casa em um condomínio no bairro Capela. A família, que estava no imóvel, saiu ilesa.
Qual era o modelo da aeronave?
A aeronave era um ATR 72-500.
Qual foi a cronologia da queda?
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade desta queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
O que apontou o relatório preliminar do Cenipa?
O documento inicial do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), divulgado no dia 6 de setembro, trouxe informações relevantes sobre o acidente, como o fato da tripulação ter relatado uma falha no sistema antigelo, mas não conseguiu confirmar, com base nos dados da caixa-preta, se isso de fato aconteceu e impactou o desempenho da aeronave.
Segundo o Cenipa, a conclusão da investigação "terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes".
"Quando concluída, o Relatório Final será publicado no site do CENIPA, disponível a toda sociedade (...) O CENIPA reafirma seu compromisso de investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram", ressalta o órgão.
A Voepass defende que somente o relatório final do Cenipa "poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido".
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Menos de 2 minutos antes da queda, alerta no painel avisou tripulação da Voepass que gelo prejudicava voo
Simulação do Cenipa reproduz queda do avião da Voepass em Vinhedo
Visão aérea do avião da Voepass após acidente em 2024
Reprodução
Como ficou o local onde o avião caiu?
Por conta do acidente, ficou sob responsabilidade da companhia aérea o recolhimento dos pertences das vítimas, a descontaminação do terreno, indenizações às famílias das vítimas e reconstrução do imóvel.
Em nota, a empresa esclareceu, quando o acidente completeu seis meses, que "a entrega dos pertences está sendo tratada diretamente com os familiares, assim como todo processo de indenização".
Já a descontaminação do terreno foi encerrada e as questões relacionadas aos imóveis afetados pelo acidente estão sendo tratadas diretamente com seus proprietários, segundo a empresa.
Qual é a atual situação da companhia aérea?
Antes de ter as operações suspensas pela Anac a partir desta terça-feira (11), a Voepass Linhas Aéreas, que tem sede em Ribeirão Preto (SP), havia anunciado que entrou com um pedido na Justiça para reestruturação financeira. No comunicado, a empresa mencionou problemas de orçamento depois do desastre aéreo.
Segundo a companhia, o objetivo é fortalecer o capital do grupo e garantir a sustentabilidade das operações a longo prazo.
"A companhia ressalta que seguirá priorizando salários e benefícios dos colaboradores normalmente ao longo desse processo e que as atividades serão mantidas; assim como cumprirá com os pagamentos pelos serviços prestados e produtos entregues a partir da data deste processo", comunicou.
Desde o ano passado, a companhia aérea, que já foi considerada a quarta maior do país, vem realizando uma série de mudanças, como o término das operações com destino ao Sul do país, em outubro, além da demissão de diretores e alterações no comando, em setembro. A Voepass conta com 11 aeronaves.
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Quem investiga o acidente?
A queda do avião é investigada pela Força Aérea Brasileira, por meio do Cenipa. Além disso, há duas investigações em paralelo, das polícias Federal e Civil.
Em outubro, a Polícia Civil de Vinhedo divulgou o relatório final sobre o acidente que indicava que a casa atingida pela aeronave foi parcialmente destruída e requer reconstrução.
Quem eram as vítimas?
Dos 62 ocupantes que seguiam de Cascavel para Guarulhos na aeronave, 58 eram passageiros e quatro tripulantes.
Entre as vítimas, um pai e sua filha de 3 anos que planejavam passar o dia dos pais juntos; colegas médicas residentes de oncologia; um casal de idosos que voltava de uma visita a parentes; empresários que estavam em Cascavel para uma convenção; além de outros passageiros e tripulantes. Relembre detalhes aqui.
Imagem aérea mostra trabalho de remoção dos destroços do avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP)
Reprodução/EPTV
O que significa a suspensão?
A agência divulgou a decisão no início da madrugada desta terça. Desde o acidente, foi implantada uma operação para fiscalizar as instalações da empresa. E, segundo a Anac, a Voepass não conseguiu "solucionar irregularidades identificadas".
Além disso, não foram atendidas exigências como a redução da malha aérea e aumento do tempo das aeronaves no solo para manutenção. A agência afirmou ainda que irregularidades que já haviam sido consideradas sanadas voltaram a ocorrer.
"A Anac determinou a suspensão das operações da empresa até que seja evidenciada a retomada de sua capacidade de garantir o nível de segurança previsto nos regulamentos vigentes", disse em nota.
Segundo a agência, a suspensão é em caráter cautelar (provisório) e vai vigorar até que a companhia "comprove a correção de não conformidades relacionadas ao sistema de gestão previstas em regulamentos".
Em nota, a Voepass, formada pela Passaredo Transportes Aéreos e pela Map Linhas Aéreas, informou que a "sua frota em operação é aeronavegável e apta a realizar voos seguindo as rigorosas exigências de padrões de segurança".
Disse ainda que "iniciou as tratativas internas para demonstrar, conforme solicitado, sua capacidade de garantir os níveis de segurança exigidos pela agência reguladora"
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Avião ATR-72 da Voepass, antiga Passaredo Linhas Aéreas, em Ribeirão Preto, SP
Divulgação
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